O PAREDÃO DA MARINA DE ANGRA DO HEROÍSMO

Há quem não goste dele, em Angra, mas, se pensarmos ao contrário, é possível perceber que se trata de uma oportunidade para olhar “de varanda”, a cidade e a sua História, seja olhando para terra, seja imaginando que estamos a bordo de um dos muitos navios que por aqui andaram.

Da próxima vez que for passear, mais ou menos de vinte e cinco em vinte e cinco passos, pare e olhe, seguindo os apontamentos abaixo. Se isto fosse feito a sério, com marcos de betão moldado em locais escolhidos, ficava um passeio e tanto…. Penso eu.

  1. Prainha – local de reparação e construção naval entre o século XV e XVIII.
  2. Run’her - navio confederado naufragado já junto á costa, em frente à actual Prainha, em 1864.
  3. Ponta do Galeão - topónimo que figura na cartografia do século XVII. (terá a ver com afundamento do galeão de Malaca de que fala Linschoten? (É a saliência onde está o restaurante “o Pirata”).
  4. Angra B, C e D - Sítios arqueológicos de embarcações afundadas, datáveis do século XVII, encontradas em diversas posições, no fundo da baía, durante a escavação de emergência feita antes da construção da marina. (são apenas alguns testemunhos desses tempos de navegação). 
  5. Restos do “Lidador” - Navio de ferro, que fazia ligações com o Brasil, naufragado em frente ao cais da figueirinha, em 1878. 
  6. Monte Brasil - A península vulcânica que criou o melhor abrigo estratégico na época das navegações. Monte que tomou o nome da mítica ilha Brashel/Brassil.
  7. Forte dos dois paus - (O primeiro a contar do cais da figueirinha).
  8. Forte de São Benedito ou dos três paus - Em conjunto com o anterior e cruzando fogo com o de São Sebastião, “fechava o porto”. (É o mais saliente da linha de muralha voltada à baía).
  9. Forte de São Sebastião ou “castelinho” - As primeiras defesas, a sério, com desenho italiano de Tomás Benedito, que visitou os Açores a partir de 1567, na companhia de Pompeo Arditi.
  10. Forte de Santo António do Monte Brasil - Terá sido mandado edificar por Ciprião de Figueiredo, “Segundo as orientações de messer Tomaso”.
  11. Os arruamentos da cidade e o porto - Os primórdios e a cada vez maior preponderância do porto sobre a malha urbana. (olhar para a cidade, procurando os alinhamentos das Ruas de S. João e Direita, e pensar no modo como a olhavam os que chegavam e acoravam defronte dela e a forma como ela se foi abeirando do mar, cada vez mais, embora mantendo as rochas altas e muralhas de defesa).
  12. Cumberland e Raleigh – Foram várias as armadas inglesas que vieram até aos Açores, por volta de 1587-89. Às vezes aprisionavam os navios das índias mesmo defronte da cidade e aproximavam-se à distância de um tiro de mosquete. 
  13. “Vento Carpinteiro” - O vento súbito de sueste que empurrava os navios contra a rocha do Monte Brasil, fornecendo os carpinteiros de boa madeira para traves na cidade. (A porta de acesso à reserva visitável de pedras, no Museu de Angra, tem a verga dessa madeira).
  14. 15. 16. Etc. etc. (e pode acrescenta-se tanta coisa… a porta do mar; o semáforo de sinais no Pico do Facho do Monte Brasil; o monumento “Altar nave, em Louvor de…” de Dacosta; os desembarques dos ingleses, em 1943, de D. Pedro, em 1832, de Gungunhana, dos concentrados alemães, dos deportados da Amazona, dos deportados de 1926, etc. etc.

Divirta-se!